terça-feira, 29 de maio de 2012

Vida de Gamer

Esse texto foi originalmente escrito para o site www.99vidas.com.br, mas como nunca foi publicado, faço-o aqui.



Comecei muito cedo nos videogames por influencia de meu pai. Antes mesmo desaber andar ou falar eu já metia a mão no controle do TELEJOGO.
Quando cresci um pouco mais foi a vez do ODYSSEY com seu controle quadradão e o teclado alfa-numérico. Eram tardes e mais tardes detonando invasores espaciais no DEMON ATTACK!, SENHOR DAS TREVAS! e SUPER COBRA!. Caçando uma cobra maluca no COME-COME! Atravessando a rua e o rio no FROGGER e escalando pirâmides no Q*BERT! Também curtia aventuras através de calabouços, infernos e geleiras no EM BUSCA DOS ANÉIS PERDIDOS!
Na escola eu era único na “primeira geração”, pois os amigos já estavam todos na fase do ATARI 2600. Era ENDURO pra cá, PITFALL pra lá e as “tardes de estudo” na casa dos colegas acabavam sendo 10% estudo e 90% jogatina. Detonávamos os controles do DECATHLON, e depois o jeito era desmontar o bicho e jogar apertando direto nos contatos da placa! Nessa época meu sonho era ter o Atari que minha prima tinha, com 80 jogos na memória! Pena que esse sonho não se realizou.
Mas em compensação fui um dos primeiros da escola a ter um Nintendinho. E não era qualquer Nintendinho, era o TURBOGAME VG9000, controles com TURBO, saída RCA e slots para cartuchos Japoneses e Americanos intercambiáveis. Os amigos que dependiam de adaptadores morriam de inveja! Foi a época dos MARIO’s (1, 2 e 3), BATTLETOADS, MEGAMAN (todos os 6), CONTRA, CASTLEVANIA, ZELDA e trocentos outros jogos que conseguíamos na maior facilidade em “fitas” com 16, 32, 64, 101 jogos. Tocava jogos com os amigos e nas poucas locadoras que surgiram na cidade. Até eu alugava meu videogame por hora pra descolar uma grana e comprar mais jogos. Isso com 10 anos de idade... praticamente um empreendedor!
Quando veio a era 16 bits, demorei pra conseguir meu console. Vivia nas locadoras jogando no MEGA DRIVE e SNES. Engraçado que a primeira vez que vi um Mega eu tive medo de não saber jogar porque tinha um botão a mais. O controle do SNES... vixe, nem se fala! R e L... que coisa de outro mundo era essa?! Mas o medo se rendeu aos maravilhosos gráficos de SONIC, DESERT STRIKE, STRIDER, QUACK SHOT! (no Mega) e SUPER MARIO WORLD, F-ZERO, STREET FIGHTER II, SUPER GHOULS N’ GHOSTS, FINAL FIGHT, PRINCE OF PERSIA (no SNES) e centenas de outros. Ganhei um SNES “Junior” no Natal, só com 1 controle e sem nenhum jogo. Vendi um tempo depois pra comprar coisas de uma tal AMWAY... quase choro só de pensar nessa besteira que fiz.
Depois do SNES houve um longo período de abstinência gamistica, pelo menos quando se fala em ter console em casa. Uma vez ou outra eu ia nas locadoras e colocava uma hora no PS1, NEO-GEO, 3DO ou SATURN. Nunca joguei num DRAMCAST e só coloquei as mãos no N64 e GAME CUBE já no tempo de faculdade (e poucas vezes, por sinal).
Nesse meio tempo me virei com o PC. Eram horas e mais horas de STAR CRAFT, QUAKE, DIABLO e outros games em rede. Todo fim de semana era a mesma história: desmontava o PC, colocava gabinete, monitor, estabilizador, teclado e mouse no FUSCA 68 do meu pai e tocava pra casa (chamávamos de Q.G. – Quartel General) de um amigo. Eram uns 8 a 10 computadores reunidos, ainda ligados em rede por CABO COAXIAL. A jogatina, digo, o “Queima!!!!!!!!!!!” rolava solto da sexta 18h até o domingo meia-noite (as vezes mais!). Tudo regado a muito refrigerante, sorvete, bolachas e PÃO COM MORTADELA (no café, almoço e janta!). =) Foi também nessa época que investi fundo nos emuladores. Que descoberta! ^_^
No primeiro ano de faculdade, comecei a ganhar uns trocados fazendo digitação detrabalhos e realizei um sonho de infância: comprei um GAMEBOY, não aquele antigão, mas sim o recém lançado GAMEBOY ADVANCE. 32 bits, gráficos lindos e tal. Comprei junto o CASTLEVANIA CIRCLE OF THE MOON, parcelado em 12 x no cartão. =) Infelizmente a alegria durou pouco, pois com uns 2 meses de uso, algum “dono do alheio” entrou lá em casa e levou meu precioso junto com vários outros eletrônicos da casa. Seguiram-se os 10 meses mais tristes que se possa imaginar, pois sempre que chegava a fatura do cartão, voltava a lembrança do roubo =’( Com ajuda de um compreensivo vendedor do mercado livre a quem eu tinha comprado vários jogos e acessórios, consegui outro GBA para pagar “como puder”. Assim a alegria voltou a reinar.
Pra quem não sabe, o GBA original não tem luz de fundo. Só dá pra jogar em ambiente iluminado, então, quando saiu o GBA SP, não resisti. Vendi o GBA e comprei o outro na hora! A alegria da jogatina continuou até chegar a formatura da faculdade. Sem grana pra Convites, Placa, Beca e Festa, o jeito foi me desfazer outra vez GBA. Com lágrimas nos olhos, transformei o coitado em poucos reais que foram direto pra mão dos organizadores da formatura. Depois que comecei a trabalhar comprei outro GBA SP e fiquei um bom tempo com ele, até que passei uns 6 meses sem jogar e acabei me desfazendo.
Depois de 15 anos sem ter um console em casa, me rendi aos movimentos do Wii. Vai completar 1 ano que o comprei e tem sido minha diversão nos raros momentos livres.
Pra não abandonar o passado, também me acompanha um DINGOO e seus trocentos emuladores.
Agora que estou “terminando os estudos” no mestrado vou ter muito mais tempo livre pra jogar. Penso em adquirir em breve um XBOX 360 e mais pra frente tantos consoles antigos quanto eu puder, pois quero mostrar a minha filha, recém nascida, toda a história dos games que eu vivi e que me ajudaram a decidir trilhar pelo caminho da ciência da computação.
Um dia quero ter a oportunidade de ser desenvolvedor de jogos e poder contribuir um pouco com esse universo que eu gosto tanto.

2 comentários:

Sebastião disse...

Com algumas poucas modificações, meu amigo, eu assinaria esse texto como meu :)

Agora faltou dizer de ficar esperando na "godela" quando os "patos" vinha jogar.

kkkkkkkkkkkkk

Francisca Lopes disse...

O seu texto, também, deixou meus olhos rasos d'água. Uma coisa porém me faz muito feliz, a certeza de que você não amadureceu no carbureto como muitas frutas que ao degustarmos nos decepcionamos com o gosto desenxabido. Você já nasceu maduro e decidido.Sou testemunha do que ora afirmo. Suas perdas, nesse contexto dos GAMES, na verdade, foram investimentos para garantir o futuro. Deus vai lhe devolver tudo, no tempo certo. Acredite.
Francisca Lopes